Libertação



Há a perceção inata, embora vaga de que a vida é mais do que ter uma família, amigos, sucesso razoável – “uma boa vida”. Para estas pessoas, o objectivo é a libertação de todas as limitações, realizar todo o potencial humano e finalmente o Eu Superior. 
A primeira questão que temos que perguntar é: 
- “Qual é o propósito da minha vida? O que é que torna a minha vida digna de ser vivida?”

Outras perguntas devem ser também respondidas:
- O que é que “libertação” significa para mim?
- Que prisões e dependências criei para mim próprio que me retêm?

Nós temos que investigar todos os nossos conceitos e ideias, tudo o que aceitamos cegamente, sem questionar. A aceitação sistemática da autoridade permite que nos deixemos hipnotizar, programar e condicionar. Temos que perguntar: 
- Em que áreas da minha vida eu estou hipnotizado? 
Talvez cheguemos à conclusão de que fomos programados pelas ideias e, em alguns casos, erradas, dos adultos à nossa volta. 

No decurso do crescimento espiritual, todos os nossos conceitos, ideias e crenças têm que ser investigadas e reavaliadas repetidamente. Só assim poderá crescer a nossa consciência e o nível de compreensão. Em vez de um sonâmbulo, uma pessoa hipnotizada ou condicionada, tornar-se-à gradualmente a pessoa que realmente é. O processo de acordar da ignorância e da ilusão, de se libertar de tantas limitações quanto possível, e eventualmente de atingir a Consciência Cósmica, este é o propósito de todos os caminhos do Yoga e, em particular, do Kundalini Yoga (1). 

“Conheça-se a si próprio e seja livre.” – Observar a mente deve ser uma prática constante. A mente reage ao menor estímulo o que torna o seu controlo extremamente difícil. Uma mente que vagueia é muito ineficiente, perde energia e enfraquece a pessoa, física e mentalmente. Ao estar atento ao que se passa na mente, descobrem-se os mecanismos que a controlam e obtém-se a capacidade de a controlar e dirigir. Este conhecimento crescente sobre a mente, que podemos traduzir por “consciência de si”, liberta-nos dos pensamentos, discursos e acções automáticas, mecanizadas. 

Pergunte-se:
- Condicionei-me ao longo dos anos repetindo para mim próprio frases-chave negativas?
- Vejo os factos como eles são ou vejo apenas aquilo que quero ver?
- Mantenho a espada da discriminação bem afiada para encontrar o equilíbrio entre razão e emoção, lógica e intuição, medo e coragem, força e suavidade, rigidez e flexibilidade?

Uma proposta prática: 
- Desafie uma limitação que reconheça em si e mude conscientemente o seu comportamento relativamente a ela. 
- Desafie uma ideia que tem acerca de si próprio fazendo aquilo que normalmente pensa não ser capaz de fazer. 
- Mude os seus hábitos. Por exemplo, vá a um sítio diferente ou siga um percurso novo. 
- Observe a sua forma de falar. Procure libertar-se de formas automáticas de falar. 
- Observe as suas emoções e estados de espírito ao longo de uma semana. Procure ver a causa das mudanças que elas vão tendo. 

O Yoga, sendo um caminho para a Libertação, leva-nos aos níveis mais elevados do ser, simbolizado no mapa Kundalini pelo 6º e 7º chakras. Liberta-nos do carrossel em que a mente se move, reforça a nossa capacidade de ouvir o ser interior com intuição e de perceber as forças mais subtis e as suas expressões, simbolizadas pelo elemento eter do 5º chakra. A mente, que no início exprimia a sua força criativa de forma compulsiva e nem sempre para seu próprio benefício, aprendeu a focar-se em si própria e tomou apenas uma direção, a da Luz Branca, símbolo do Grande Vazio. 

(1) Publicação: Kundalini Yoga for the West de Swami Sivananda Radha, Timeless Books, 2004.

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