Histórias de Báal Shem Tov
Existem inúmeras histórias descrevendo por que o grande Rabi Yaakov Yossef de Polanya renunciou a sua oposição inicial ao Chassidismo e tornou-se um ardente seguidor do Báal Shem Tov. A história a seguir é considerada como a narrativa mais fiel.
Certa manhã bem cedo, o Báal Shem Tov chegou ao mercado na cidade de Sharigrade, onde Rabi Yaakov Yossef atuava como rabino, e começou a conversar com as pessoas que passavam. Logo suas palavras sinceras e histórias inspiradoras atraíram uma multidão considerável. Muitos dos ouvintes estavam a caminho da sinagoga para os serviços matinais, e em vez disso pararam para ouvi-lo.
Pode-se bem imaginar o desgosto de Rabi Yaakov Yossef ao chegar à sinagoga para encontrá-la vazia, exceto pelo shamash (atendente).
"Onde está todo mundo?" perguntou ele.
"Respeitável Rabi": – replicou o shamash. "Um judeu de aparência distinta está contando histórias na praça do mercado e muitas pessoas se reuniram em volta dele."
O shamash foi chamar as pessoas, mas em vez disso viu-se entre aqueles cativados pelas histórias do recém-chegado.
"Vou até lá e eu mesmo chamarei as pessoas" – decidiu Rabi Yaakov Yossef quando o shamash não voltou.
Rabi Yaakov Yossef aproximou-se da multidão justo quando o Báal Shem Tov começava uma nova história e viu-se escutando com interesse.
"Havia um simples porteiro que sempre começava seu dia com a alvorada, participando bem cedo no minyan para Tehilim (Salmos) e Shacharit (Serviço Matinal). Depois de rezar, ele trabalhava por muitas horas, terminando pouco antes do pôr-do-dol. Apesar de seu cansaço, o porteiro sempre corria até a sinagoga para Minchá (Serviço Vespertino) Tomava cuidado para nunca perder o minyan e ficava até Maariv (Prece Noturna), para juntar-se a um grupo de trabalhadores simples, apropriado ao seu conhecimento e compreensão limitados de Torá.
"O porteiro era vizinho de um erudito que trabalhava como autônomo, e tinha uma vida muito mais confortável. O erudito não precisava se apressar para os serviços, pois sua ocupação lhe proporcionava tanto lazer quanto paz de espírito. Suas preces eram sempre precedidas e seguidas por uma hora de estudo concentrado.
Certa noite, os dois vizinhos se encontraram a caminho de casa. O porteiro deu um profundo suspiro de inveja do erudito cujas preces e instrução sobrepujavam muito as suas.
"Ao ouvir o suspiro, o erudito sorriu interiormente, pensando: 'Como ele ousa aspirar ao meu nível de serviço!'
"Anos depois, os dois vizinhos faleceram. Chegando à Corte Celestial, as preces e estudo de Torá do erudito foram colocados em um prato da balança, e eles pesaram muito, por causa de seu serviço devoto. Então, um sorriso desagradável foi colocado no outro lado, e o ponteiro da balança pendeu contra ele.
"Em contraste, apesar da quantidade limitada de estudo do porteiro e suas preces pesarem pouco, seu suspiro repleto de sinceridade foi adicionado à balança. Então, o ponteiro pendeu facilmente em seu favor."
Ao ouvir isto Rabi Yaakov começou a considerar seu próprio serviço e percebeu que ele também tinha um quê de presunção. Talvez, pensou ele consigo mesmo, este contador de histórias pudesse mostrar-lhe um novo caminho para o serviço. E a ele se juntou.
Ambos morreram, e ainda hoje, as pessoas se reúnem à volta da fogueira em noites especiais para mesmo não sabendo as palavras certas ou os gestos adequados, estarem juntos e celebrarem a santidade e pureza do Mestre.
Adaptado de Histórias de Báal Shem Tov por Rabi Yehudá Chitrik
https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/1592061/jewish/Histrias-de-Bal-Shem-Tov.htm
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